1 de março de 2016

Equipamento de mágica e relação de afeto. É possível?

Estabelecer uma relação de afeto, por algum equipamento que faça parte do nosso repertório e guardá-lo como uma verdadeira relíquia, me parece comum em se tratando de equipamento de mágica. A maioria dos mágicos que conheço guarda, com carinho, algum número que, de uma forma ou de outra, lhe permite lembranças agradáveis, geralmente  indisponível para venda, troca, etc.
Quando me aposentei (31/01/1993), quase todos os números que faziam parte do meu repertório foram vendidos, porém, alguns, justamente por eu ter estabelecido com eles a relação de afeto que preconizo aqui, foram guardados e fazem parte do meu "baú de lembranças". Como exemplo, cito os aros chineses. Foram fabricados exclusivamente para mim, na década dos anos 1960,  por um grande fabricante de equipamentos para mágicos, Nilton Nicanor Chelles, veterano mágico radicado na cidade de Sorocaba, estado de São Paulo, que se apresentava com o pseudônimo de Professor Chelles. Além dessas características, os aros foram confeccionados em latão e eu os mantive sem nenhum tratamento de cromação e isso exigia que fossem polidos para cada apresentação, tarefa cumprida pelo meu Pai e muito bem cumprida, diga-se de passagem. Cada vez que os pego nas mãos, muitas lembranças e histórias veem à tona. Sou capaz de me lembrar de quando os peguei com o "Chelles", das vezes em que estive com ele e sua família, do tilintar de um aro batendo no outro exatamente no momento em que meu Pai, sentado no chão, os polia. 
Entretanto, em recente conferência que assisti de Juan Mayoral ele foi mais além mostrando uma maleta, sua primeira maleta de mágicas, e dentro dela seus primeiros equipamentos e, o que é mais espetacular, fabricados por ele! Pura emoção!
Aí, a "viagem foi grande". Comecei refletir sobre quantos de nós não teria começado fabricando seus primeiros números e não se dado conta da importância de os guardar para que pudesse ser possível viver, num futuro, o prazer e o orgulho transmitidos por Juan Mayoral.
Os meus, aqueles que fabriquei no início, infelizmente, foram jogados juntamente com a maleta. 
Desenvolvi esta matéria pensando exatamente em despertar em você meu amigo mágico, ou em você minha amiga mágica, de que é possível o estabelecimento de  uma relação de afeto com algum equipamento e, assim, dispensar a atenção necessária para com eles, tanto os primeiros, aqueles que você fabricou no começo da sua carreira, ou aqueles que durante a sua trajetória descobriu que lhes podiam contar, no futuro, uma história de afeto. Reflita sobre isso e veja se já não existe no seu "baú de lembranças" algum sinalizando essa possibilidade.
OZcar Zancopé  


Ozcar Zancopé e Juan Mayoral

Meus Aros Chineses

Nota: Este tema foi desenvolvido e abordado por mim no meu quadro "Por Dentro da Mágica", do Programa Truques e Ilusões de 16/02/2016,  sob a Direção, Produção e Apresentação do Mágico Karpes, transmitido todas as terças feiras, às 21h00, pela TV Cinec: http://www.tvcinec.com.br/


5 comentários:

  1. Gostei do texto... Eu também guardo até hoje equipamentos que usava nos meus shows de mágica (Alguns fabricados por mim mesmo). Apesar de não fazer mais shows hoje em dia, guardo-os com muito carinho até hoje!

    Grande abraço e parabéns pela matéria!

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  2. Parabéns pela matéria isso fez eu pensar em fazer isso também, ainda tenho algumas coisas de quando eu comecei na mágica.

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  3. Compartilho da sua emoção Ozcar, pois estive presente na conferência e fiquei super emocionado com o afeto e zelo por aqueles aparatos mágicos e por tambem, ao fim da conferencia, ver a relação mágico, artefato e inovação. Você me emocionou com seu relato aqui. Obrigado Ozcar

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  4. Realmente fazemos uma viagem, uma boa viagem, quando pegamos AQUELE equipamento ou a primeira mágica.
    Parabéns mestre Ozcar Zancopé e obrigado por aflorar ainda mais esse sentimento.

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  5. Realmente fazemos uma viagem, uma boa viagem, quando pegamos AQUELE equipamento ou a primeira mágica.
    Parabéns mestre Ozcar Zancopé e obrigado por aflorar ainda mais esse sentimento.

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