2 de junho de 2018

“TIHANY”, “O REI DOS LADRÕES”

No ano de 1966 tive a oportunidade de estar com o Mágico Tihany em sua residência em São Paulo e obter dele algumas informações referentes à sua biografia, o que me permitiu escrever a matéria de capa da Revista Arte Mágica, Órgão da Escola Popular de Arte e Cultura, de propriedade do Mágico Morgan (Sarmento de Lima Morgado), da qual eu era correspondente e assinava sob o pseudônimo de LIFAN.Na  edição de dezembro  de 1966 (Ano II, N° 7 e 8), a  matéria foi publicada e agora a transcrevo na íntegra para a apreciação dos que me acompanham aqui no      blog. Infelizmente o Tihany não está mais entre nós, faleceu em 02/03/2016, faltando  pouco mais de três meses para completar 100 anos de vida, mas deixou como legado o seu Circo, aquele que começou em 1954, aqui no Brasil,  e hoje é considerado o maior da América Latina e o terceiro maior do mundo. 
Com estreia prevista para 05/06/2018, na Cidade de Chapecó, Santa Catarina, o “TIHANY SPECTACULAR” inicia sua turnê no Brasil e,  por mais cinco anos, ficará entre nós encantando milhares e milhares de espectadores por onde passar.



“TIHANY”,  “O REI DOS LADRÕES” - Escreve: LIFAN

Através do pseudônimo “TIHANY”, complementado pelo “slogan”  “O REI DOS LADRÕES” esconde-se o cidadão húngaro Franz Czeisler,  mágico de renome internacional.  Seu “slogan” adveio  da exímia execução de números de “pickpocket”. Além de sua  indiscutível capacidade artística TIHANY é possuidor de acurado senso comercial, conhecendo exatamente o que o público, sempre exigente, deseja ver. Prova disso é seu retumbante  êxito na difícil atividade de proprietário de circo, onde muitos fracassam.  TIHANY,  à custa de muita luta, conseguiu montar um maravilhoso pavilhão circense, onde são apresentados seus  feéricos espetáculos de magia. Sabe bem dosar os números de prestidigitação com belas mulheres,  luxuosamente vestidas,  e números variados de categoria internacional. O público ocorre em massa para assistir seus espetáculos, e Tihany vê  assim coroado de sucesso seu incansável trabalho. 
Franz nasceu em Ketegyhaza,  cidade Húngara, aos 29 de junho de 1916. Desde tenra idade, aos tempos de escolar, começou a interessar-se pelos prodígios executados pelos prestidigitadores que visitavam sua cidade. Assim conheceu o famoso “pickpocket” judeu -húngaro Dr. Giovani,  ficando completamente apaixonado pela arte  da qual seria mais tarde um dos grandes expoentes. Conhecendo posteriormente o mágico alemão Uferine, tornou-se seu discípulo e, em breve, lançava-se ao profissionalismo. 
Adotou o pseudônimo “Fakir Sanda Ruh”, e percorreu  toda a Hungria fazendo telepatia e fakirismo.  Ao mesmo tempo procurava aperfeiçoar-se na prestidigitação. Em 1936,  aos 20 anos de idade,  já tinha renome no seu país. Resolveu então, lançar-se definitivamente como mágico e trocou de pseudônimo,  adotando o que usa até agora: TIHANY. 
Percorreu toda a Europa com seu espetáculo, obtendo sempre os melhores elogios da crítica. Em 1953 chegou ao  Brasil com sua esposa e partinaire LYA MARA e seu filho TIHANY JR.,  especialmente contratado pelo empresário Garcia, para o famoso Circo Romano.  Com Garcia percorreu o Brasil, acumulando fundos para a concretização de seu sonho: a montagem de um grande circo dedicado a espetáculos de magia. Tão logo obteve o necessário,  atirou-se à luta. Montou seu circo e foi ampliando e melhorando, revestindo-o de luxo só visto  em circos europeus. Seu pavilhão foi muito propriamente cognominado “o palácio da ilusão”.Falando corretamente o português e castelhano, TIHANY, apresenta um espetáculo misto de variedades,  manipulações e grandes ilusões. Já percorreu todo Brasil e a América do Sul, encontrando-se presentemente na Venezuela. Quando em São Paulo, repousa na bela residência que adquiriu no bairro do aeroporto, aproveitando para rever os amigos que ali deixou. Nós, que com ele tivermos a oportunidade de privar,  desejamos que em breve retorne ao  Brasil com seu pavilhão e seu maravilhoso espetáculo, para que mais uma vez, possamos apreciar a  incomparável sinfonia mágica por ele apresentada, que por por alguns minutos transporta-nos ao delicioso mundo da ilusão,  fazendo-nos esquecer as agruras desta vida.